“Um dos vetores
estratégicos para desenvolver o património agrícola que fui adquirindo
era o vinho, que já vinha identificado no relatório Porter e noutros
documentos do Banco Mundial como um nicho de mercado com grande
potencial em Portugal e, designadamente, no Alentejo. Vamos
também desenvolver os cereais de regadio e a produção de carne
extensiva. É um património que tem novas oportunidades sobre tudo a
partir da barragem do Alqueva que com a sua grande capacidade que pode
ir até 110 mil ha de irrigação poderá mudar a face do Alentejo do ponto
de vista económico e da fixação das suas populações. O
Alentejo é um grande património do ponto de vista ambiental. Tem mais
de 300 dias de sol, tem uma infraestrutura tecnológica bastante moderna
quer do ponto de vista das telecomunicações quer do ponto de vista da
energia ou das acessibilidades rodoviárias. É uma região em que vale a
pena investir e à medida que esses investimentos forem realizados eles
vão ser contagiosos e vai criar-se um ambiente de emulação e de atração
de novas iniciativas e de novas visões, quer para a agricultura quer
para a exploração de outros recursos naturais como é o caso da indústria
mineira, das rochas ornamentais ou de outras produções que, a uma hora
de Lisboa, têm todas as condições para se fixarem aqui. Não
vale a pena olhar para o Alentejo como uma região isolada e com
fronteira sobre o grande aglomerado da zona da grande Lisboa. Hoje o
Alentejo é uma região que está praticamente integrada nessa rede e por
isso um local bastante apto para a fixação das novas indústrias que têm
dificuldades e muitos handicaps pela sua localização em zonas densamente
povoadas. O desenvolvimento implica, acarreta desenvolvimento e isso é
uma cadeia virtuosa que neste momento temos ao nosso alcance no
Alentejo. O Alentejo é hoje uma
grande reserva ambiental, ao nível da Europa. É difícil ter 3 milhões e
500 mil ha (uma superfície igual à da Bélgica) com um povoamento
relativamente concentrado e uma densidade baixa. Por isso, hoje o
Alentejo representa uma reserva ambiental inigualável. Estamos a falar
da valência agrícola e da fileira agro industrial mas também de outras
valências na área do turismo, quer ligado a aspetos culturais quer aos
artefactos e aos produtos artesanais, mesmo da área alimentar. Por isso
acho que o Alentejo tem à sua frente um novo caminho e será um fator com
grande impacto na recuperação do país.”
Henrique Granadeiro - Presidente do Conselho de Administração da GRANACER, S.A.