“O investimento da GALP
aqui em Sines resultou da vontade de criar um polo de desenvolvimento
associado à refinação e à indústria petroquímica. As grandes vantagens
que o Alentejo tem foram introduzidas no processo. O facto de ter um
porto de águas profundas foi determinante mas também todas as
acessibilidades para o Atlântico. Atrás
da GALP vieram todos os desenvolvimentos normais da indústria da
refinaria e da petroquímica. Está aqui instalado um verdadeiro cluster.
Várias empresas que fornecem inputs e outras que os recebem e que trocam
entre si não apenas um enorme volume de produção, como intercâmbios de
conhecimento que são fundamentais numa industria de capital intensivo
como esta e que exige elevada inovação tecnológica. Este é um território
que tendencialmente tem todos os recursos que se pretenda. Desde
a energia aos recursos humanos e à capacidade de formação dos recursos
humanos que, apesar de não ser totalmente autónoma (o que nem é
desejável porque as trocas inerentes à globalização são essenciais), tem
um grau de autonomia muito elevado e pode funcionar com um grau de
interdependência de todos os atores que já estão na região. Do
meu ponto de vista, diria que quem analisa investimento numa base quase
demográfica/geográfica encontra no Alentejo um enquadramento muito
favorável. O investimento aqui pode ser de longo prazo e com
rentabilidades muito elevadas para os investidores. Os investimentos
pelas empresas e em particular pela GALP têm sido enormes em tudo o que
são novas tecnologias, novos processos de trabalho e podemos dizer que
esta é uma das áreas do país mais beneficiada em termos de I&DT nos
últimos anos. Por outro lado, a
eficiência logística é o fator chave para quem vive com milhões de
toneladas. A logística é fantástica, espaço não falta e a proximidade ao
porto é determinante. As vantagens iniciais que os projetos de
refinaria em Portugal tiveram, mantêm-se hoje completamente válidas.
Acessibilidades e proximidade da enorme bacia do Atlântica que tem
previsto um crescimento fantástico nos próximos anos e que vai fazer com
que inúmeros polos logísticos dentro do Atlântico se desenvolveram
ainda mais, tornando-se muito, muito atrativos nos próximos tempos. Eu
julgo que Sines é um desses polos logísticos e que pode ter um papel a
dizer no desenvolvimento de toda a bacia do Atlântico. Por outro lado, a
dinamização dos polos logísticos depende da oferta e a oferta tem vindo
a crescer e a melhorar de qualidade. Uma das grandes vantagens do nosso
investimento em Sines foi ter produtos com a qualidade pretendida pelos
mercados, abandonando outros que se tornaram menos interessantes. Ao
fazermos de Portugal um país exportador (gasóleo) em vez de importador
como foi até agora, quer dizer que estamos a falar de milhões de
toneladas de capacidade de produção e de exportação o que acabará também
por dinamizar as instalações logísticas e, julgo, será mais um motor de
crescimento para o Alentejo. A indústria que tenha de viver do acesso à
bacia do Atlântico tem de certeza um lugar muito interessante no
Alentejo e em particular nesta zona de Sines.”
Luís Palha da Silva - Vice Presidente do Conselho de Administração